sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

UMA VIAGEM EM RIQUEXÓ!


Ivy já estava cansada de ter o braço no ar…
Arlindo olhava-nos com cara de incrédulo…
Efectivamente em Guzhen não há táxis e o único transporte público que ali é possível contratar é um dos inúmeros riquexós que por ali circulam.
Homens e mulheres de feições angulosas, tez morena e de carnes secas…só músculo, por ali andam pedalando suas bicicletas transformadas em riquexós…
Vim depois a saber que tinham vindo da vizinha província de Guangxi na tentativa de ali amealharem alguma riqueza para um dia regressarem à terra natal e poder aspirar a uma vida melhor…
Cercaram-nos com os seus veículos na expectativa de ganharem a corrida que se avizinhava! Ivy foi discutindo com uns e com outros o preço certo para nos levarem a um dos extremos da cidade, bem perto da ponte que atravessa um dos braços dos Rio das Pérolas e liga Guzhen a Jiangmen. Enfim, lá acertou com dois deles, que afinal eram elas, mulheres…
E lá fomos avenida abaixo… Eu, dado ser mais pesado, sozinho num dos triciclos e o Arlindo e a Ivy no outro…
Esta viagem em riquexó não foi novidade para mim, pois já havia tido essa experiência em lugares turísticos, onde quase é obrigatório viajar neles se queremos chegar aos locais pretendidos. Assim aconteceu na visita à vila aquática de Zhangzhou (Suzhou), em Ningbo e nas margens do lago Behai em Pequim. Mas com o cariz de trabalho foi esta a primeira vez…
A minha condutora parecia um pouco mais jovem do que a dos meus companheiros de viagem. Pedalava ritmadamente e o riquexó lá ia avançando pelo meio do intenso tráfico de fim de tarde. De repente atravessa-se na nossa frente uma “pick-up” mas isso não foi obstáculo, pois com destreza o contornou e lá continuamos viagem. Guzhen, mais conhecida pela Cidade da Luz, é uma cidade plana e por isso a viagem decorria com a maior das normalidades. Mas, ao aproximarmo-nos da tal ponte que liga Guzhen a Jiangmen na outra margem, a estrada começou a inclinar-se, a pedalada baixou de ritmo e a minha condutora foi obrigada a pedalar em pé, qual ciclista na volta à França a escalar os Pirinéus… O seu corpo musculado balançava-se de um lado para o outro e senti vontade de lhe dizer que parasse para eu descer e assim ser mais fácil ultrapassar aquela subida… Rapidamente se começou a notar nas suas costas o aparecimento de manchas de suor na sua “t-shirt”… Mas, também esse obstáculo foi superado e depois de uma descida acentuada lá chegamos ao destino.
Pensávamos nós que sim, mas afinal ainda tivemos de dar mais umas voltas até encontrar a fábrica que queríamos visitar…Na China a sinalização é por vezes tão perfeita que nem os próprios chineses a entendem…Solução, telefonamos à fábrica e esperámos que alguém aparecesse para nos guiar.
Despedimo-nos então das nossas condutoras e pedi à Ivy que lhes pagasse o dobro daquilo que haviam acordado e, mesmo assim, foi barato…
E lá foram elas no seu ritmado pedalar à procura de novos clientes…

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Um casamento na China...


Para que não seja rotulada de ingrata, manda a tradição que a noiva “chore sentidamente”, mostrando aos convidados a sua tristeza, por abandonar a casa paterna. Só após a “cerimónia das lágrimas” ela será ajudada a subir para o palanquim que, também segundo a mesma tradição, deverá ser vermelho a cor da felicidade, a cor da sorte e da prosperidade…

Estas e muitas outras eram as tradições que na primeira metade do último século, antes da proclamação da República Popular, eram seguidas pelas famílias chinesas nos casamentos das suas filhas, que muito novas eram prometidas aos seus pretendentes.
Hoje a China está mudada e as tradições já não são o que eram. Também outra coisa não seria de esperar a um País devastado por uma guerra civil, pela invasão japonesa na II Grande Guerra e mais tarde com a proclamação da República Popular a 1 de Outubro de 1950 e o atravessar de uma Revolução Cultural que grandes marcas deixou na sociedade e na sua vivência...
Nos dias de hoje os jovens conhecem-se, enamoram-se e resolvem casar... Não como outrora em que os pais é que escolhiam as noivas e os noivos dos seus filhos... (desconheço o que se passa no interior da China, nas áreas rurais ou mesmo no seio das cinquenta e muitas nacionalidades, aí as tradições continuam bem patentes e duradouras...)
Os preparativos começam muito antes da data aprazada para o casamento, que normalmente é fixada em função das datas de nascimento dos nubentes e por vezes até de outros familiares. Para isso é consultado uma espécie de oráculo! Sessões de fotografias são aprazadas em estúdios de luxo, onde os noivos são sujeitos aos serviços de cabeleireiro e maquilhagem, vestindo a noiva vestidos de diversas cores, todos lindíssimos, e ele casacas de grilo ou pomposos uniformes militares, com colares e dragonas! As fotos ficam fantásticas... Parecem tiradas de filmes de Hollywood…
Chega enfim o grande dia. A família da noiva e convidados reúnem-se em casa dela, ou num quarto de hotel previamente marcado, o mesmo acontecendo com o noivo. Mais tarde vão todos para o restaurante onde se realizará a boda em salão devidamente ornamentado para a festa e onde não faltam flores e a cor vermelha, a da sorte, da prosperidade e da felicidade. No topo do salão bem por cima da mesa nupcial o grafismo duplo “SHUANG XI” – DUPLA FELICIDADE…
No exterior do restaurante ou do hotel onde o banquete se realizará armam-se arcos com balões e à chegada dos noivos estoiram-se foguetes e bombinhas. O pai do noivo distribui cigarros aos convivas e depois decorre o banquete em mesas redondas de 10 ou 12 pessos onde são servidos em média uns 10 pratos diferentes... Tudo muito bem regado não só com chá, neste dia é mais cerveja, vinho tinto, cognac… sem faltar o tradicional vinho chinês (aguardente feita de sorgo) com o qual se fazem inúmeros “Gan bei”... O resultado é fácil de adivinhar...

Outros pormenores haverão, que não foram aqui focados mas, quisemos apenas falar neste assunto inspirados que fomos pelos instantâneos que captamos na nossa última estadia naquele gigante asiático…

O início deste artigo foi extraído do livro “A Cor da Felicidade” o primeiro romance da escritora chinesa Wei-Wei.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

NATAL 2007

Não, Natal não…
Não de ódio e discórdia,
Não de exagero e consumismo,
Não de violência e sofrimento,
Não de ingratidão e mentira,
Não de fome e tristeza…

NATAL é Perdão, Paz e Amor…
e viver a festividade maior da Humanidade,
o nascimento de Deus-Menino,
como o renovar da Esperança num Mundo melhor…

Vivamos esta quadra em perfeita união familiar,
Sã fraternidade com todos os que nos rodeiam,
E solidariedade com aqueles que de nós esperam algo…

Que este Natal seja motivo de uma imensa alegria em nossos corações!

Boas Festas!
J.C.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A COZINHA CHINESA



A cozinha chinesa está considerada uma arte integrada na cultura milenar da China, arte culinária que goza de grande prestígio em todo o mundo, sendo o país conhecido como “o reino da gastronomia”. É um paraíso para o paladar, onde o gastrónomo e o profano podem degustar e deliciar-se com uma grande variedade de pratos e sabores.
Dado que a China tem uma grande extensão territorial, numerosa população, diferentes etnias, distintos climas e costumes e grande variedade de produtos, não é estranho que existam diferentes estilos culinários com suas próprias particularidades em técnicas de cozinhar aperitivos e pratos.
As principais escolas chinesas são quatro: a cozinha do Norte caracteriza-se pela especialidade na selecção dos ingredientes. É bastante salgada, pois os povos do norte salgavam os seus alimentos de molde a poder fazer longas viajens para sul. Costumam acompanhar-se de massas e pãezinhos (“xiao tze”). Recomenda-se o frango preparado com sal e logo assado no forno; o porco com couves curtidas e os múltiplos pratos feitos de queijo de soja. O seu prato mais conhecido é o Pato Lacado.
A cozinha do Sul destaca, entre outros, a preparação de pratos com carne de serpente. É famosa a cozinha de Cantão: pertencem os seus pratos á escola culinária Yue, uma das principais escolas da China. Utiliza produtos muito variados e abundantes condimentos como o óleo de ostra, o molho Qipu, o molho de peixe e uma grande variedade de vegetais cozidos em alta temperatura. Os ingredientes são comprados diariamente no mercado, carne de vaca, porco, mariscos, vegetais, cogumelos e peixes de água doce procedente de Guangzhou (Cantão). É conhecido o Leitão Assado de Cantão e, um dos pratos que encanta todo o gastrónomo, é o Banquete da Serpente… Os pratos mais salientes da cozinha do sul, para além dos já citados, são: o frango “zhuzhou” de Foshan, gato da montanha estufado (Zhaoqing), abóbora recheada com oito tesouros, caldo de dragão, tigre e Fénix, camarões em azeite e alho; cogumelos em óleo de ostra.
Os pratos de peixe e crustáceos de distintos sabores são habituais no Este, caracterizam-se pelo sabor adocicado. É uma cozinha relativamente nova, mas não menos especial. Utilizam sobretudo peixe e marisco, e sobressai a preparação de sopa condimentada com alho porro. Os pratos mais conhecidos são as ovas de caranguejo com barbatana de tubarão e ovas de sépia, nas carnes sobressai o frango com molho de “Dezhou”. Destaca-se nos seus pratos o Pato com Oito Tesouros, Tirinhas de enguia…
Os aperitivos são muito saborosos e existem uns 300 tipos, como exemplo as “bolinhas de ovo de pomba”.
A cozinha do Oeste está representada pela de Sichuan que se caracteriza pelo seu sabor picante. Esta região conservou uma gastronomia tradicional devido ao seu isolamento. Utiliza condimentos como o alho, funcho, coentro e pimento. Existe um ditado popular que diz, se toda a cozinha chinesa é especial a de Sichuan é a mais saborosa. Os ingredientes são cuidadosamente seleccionados e a sua confecção é sazonal, surgindo diferentes sabores como o sabor picante, aroma de peixe, sabor dos cinco aromas, o acre, etc. Deste modo todos os pratos tem a sua peculiaridade. Os seus saborosos pratos são: Carpa guisada, pata de urso, requeijão de soja entre outros. O seu prato mais famoso é o queijo de soja com pimentos e pimenta

COZINHA DA CORTE IMPERIAL
Antigamente existiam pratos que estavam destinados exclusivamente ao imperador e sua corte, tratam-se do pratos imperiais e são consideradas autênticas iguarias.
Nos dias de hoje ainda podemos apreciá-los em alguns restaurantes, como é o caso do Fang Shan no parque Beihai (centro de Pequim) e no Tian Li Guan no Palácio de Verão (arredores de Pequim). Há 150 anos atrás não haveria a oportunidade de comer estes pratos, é certo que são um pouco caros mas, vale a experiência.
Esta cozinha desenvolveu-se com a cozinha Lu, pratos do Tibet e aperitivos muçulmanos; posteriormente juntou-se à cozinha ocidental e aos pratos de Huaiyang. Caracteriza-se pela meticulosa selecção dos produtos, não utilizando nenhum ingrediente: o pato à Pequim; cabra de patas negras cara manchada e castrada, são dois exemplos. É uma cozinha sazonal: na Primavera os rolinhos (vulgo crepes); no Verão os camarões cristalinos; no Outono a carne de cabra. Nesta cozinha é fundamental a técnica de preparação e o corte dos alimentos.

Para purificar o organismo os chineses de vez em quando comem comida vegetariana à base de vegetais, frutas, requeijão de soja, azeite vegetal, alfarroba, milho, espigas de bambu, feijão verde, e variados tipos de cogumelos. E obviamente bebem muito chá.

Na hora da refeição colocam-se na mesa três tipos de copos, um grande para a cerveja ou água, um médio para o vinho tinto ou branco (“potao jiu”) e um pequeno para o “bai jiu”. BAI JIU é um tipo de aguardente, a mais popular é o MAO-TAI, que se fabrica em Guizhou à base de sorgo.
O “Wang chao” é a bebida tradicional que se bebe antes de uma refeição que compreenda Sopa de Barbatana de Tubarão, Ganso em Molho de Soja, Sopa de Ninhos de Andorinha, Pratos de Frango e massas especiais.
O testemunho de que a cozinha chinesa utiliza produtos estranhos à mentalidade ocidental, deve-se a que ao longo da sua história a China sofreu grandes modificações. O super povoamento também influiu mas mudanças culinárias. Assim, se empregam todo o tipo de animais como a serpente, cães, moluscos sem casca (espécie de lesma do mar) e vegetais muito nutritivos como as algas e o bambu. Tudo o que alimenta se come, desde as vísceras até à pele.
Cada província de acordo com os seus recursos desenvolveu um tipo de cozinha, mas o arroz e a soja são os alimentos imprescindíveis em qualquer prato chinês.
Uma das variedades da comida chinesa são os aperitivos, que em cada região encontramos dos mais diversos e saborosos. Na província de Cantão temos os pãezinhos recheados com camarões ou carne assada e caramelizada; em Chengdu (Sichuan) são bastante económicas: sopas de borboleta; filetes picantes de carne de rês, etc.
E toda uma variedade de pequenos pratos que agradam degustar acompanhados por CHÁ, que se serve puro em pequenas taças nas casas de chá que há espalhadas por todo o país.

Nota do autor do blog:
O artigo acima foi extraído de um guia turístico publicado pelos Serviços de Turismo da China…
Entretanto, dado a minha assiduidade em viagens por uma grande variedade de regiões da China posso comprovar com a própria experiência, pois por delicadeza para com os anfitriões ou por curiosidade nos sabores, sempre fiz questão de degustar todas as especialidades apresentadas desde as mais estranhas e esquisitas às mais banais…
Cada refeição na China é um mistério, pois nunca sabemos o que nos vai ser servido, e um autentico festival…A decoração dos pratos é um misto de figuras e cores, havendo cozinheiros especialistas só nessa arte da apresentação dos pratos…

Durante a refeição teremos de estar preparados para os diversos brindes “Gan Bei”, o que poderá tornar-se um pouco desagradável se feitos com a tradicional aguardente “Bai Jiu” (+/- 40º).
Umas das cozinhas que particularmente nos agrada é a UYGUR. Os Uygur são uma minoria muçulmana da Região Autónoma de Xinjiang no Noroeste da China (na antiga Rota da Seda). Esta cozinha é essencialmente constituída por carne de carneiro: guisado, churrasco, kebab e espetadas picantes “chao kao rou”… tudo acompanhado pelo delicioso pão árabe “nang bing”… Alguns destes restaurantes brindam-nos com músicas e danças o que torna a refeição ainda mais agradável.
Como atrás transcrevemos a cozinha do Este é particularmente agri-doce como é o caso da comida de Shanghai.
A par da cozinha de Sichuan, igualmente a cozinha de Hunan é deliciosa mas muito picante!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A ÓPERA DE PEQUIM



Embora na China hajam mais de 300 Grupos de Ópera os de Pequim são por certo os que mais se realçam e, entretêm a capital, há mais de 200 anos com os seus elaborados trajos, suas agudas árias, diálogos musicais e maravilhosos combates acrobáticos.
A maioria das Óperas de Pequim serão difíceis de entender para os espectadores menos experientes, mas se conhecer basicamente a história, então assistir a uma delas torna-se num enorme prazer… Usualmente são baseadas em histórias populares, novelas famosas ou lendas ancestrais. Os teatros mais sofisticados tem painéis em Chinês e Inglês explicando a história, assim caso não conheça o enredo sempre poderá acompanhá-lo seguindo essas legendas…
As caracterizações dos personagens estão basicamente divididas em três categorias: os masculinos, chamados “sheng”, os femininos “dan” e os palhaços “chou”. A natureza de cada caracterização é demonstrada pelas diferentes cores da maquilhagem. Por exemplo: o vermelho significa o mal e o preto ou branco a autoridade…
Os magníficos trajos de seda são somente espectaculares…
Os músicos, excelentes executantes dos tradicionais instrumentos musicais chineses, actuam normalmente nos bastidores, no entanto o tocador de Er Hu (Violino Chinês), considerado o instrumento maior da Ópera, encontra-se na primeira fila virado de costas para o público, pois funciona quase como maestro ou contraponto.
Os espectáculos de ópera são complementados com excelentes números de acrobacia, contorcionismo ou equilíbrio, no que os chineses são exímios executantes, deixando o público boquiaberto ou exclamando frases de surpresa e encantamento.
Se visitar Pequim, não deixe de ir apreciar este belo espectáculo.

domingo, 9 de dezembro de 2007

A HISTÓRIA DO LEQUE


O leque tem na China uma história muito antiga. O seu uso remonta pelo menos – supõem os arqueólogos – ao neolítico.
Jà nas primeiras descobertas podemos ver os abanos de cabo comprido, gravados em objectos de bronze dos Estados Combatentes (475-221 a.c.) e do período Zhou do Este (770-256 a.c.). Numa tumba do distrito de Jiangli foram encontrados restos de um leque de plumas com cabo de madeira.
No que respeita o seu uso, ele era manejado pelos servos para dar frescura aos seus amos e resguardá-los dos raios solares. Em muitos casos eram símbolos de poder.
Desde finais do período dos Estados Combatentes até à época das dinastias, Han no Este e no Oeste (206-220 a.n.e.), os leques tinham forma curva e eram feitos com finas tiras de bambu. Eram usados pelos servos quando assavam carnes ou extraíam sal e pelos seus senhores para se defenderem dos rigores do sol.
Durante as dinastias Shui e Tang (581-907 d.c.) o leque mais comum era o fabricado de seda. Era conhecido como o Leque Imperial o leque da alegria conjunta e unidade e era feito de finas hastes de bambu e madeira, cobertas com sedas delicadas e transparentes.
No princípio da dinastia Tang os leques eram na maioria redondos ou ovóides, havia-o também hexagonais e octogonais em forma de flores: begónias, girassóis e da ameixoeira. Na poesia clássica podemos ler muitos sentimentos de jovens relacionados com o tema e também diversos registos das expressões sobre as faces dos leques. Sabemos por esta do uso que lhe era dado.
No período das dinastias Song e Yuan (960-1368 d.c.), o leque mais usado era o de seda. Surgiu também um novo tipo – o dobrável – que continua a usar-se até aos nossos dias.
Ainda que este tipo de leque já existisse na época dos Song do Norte, somente alcançou o seu apogeu nas dinastias Ming e Qing (1368-1911 d.c.).
Desde a dinastia Ming o uso do leque de pregas dobrável generalizou-se, primeiro na corte e depois nas outras classes sociais. Ao princípio eram de poucas hastes e depois começaram a ser feitos com maior número e mais finas. Ao imperador agradava oferecer, às suas concubinas e ministros de confiança, leques lindamente decorados e ornados com fios dourados. Os mais correntes eram oferecidos aos funcionários da corte.
De acordo com o gosto dos cortesãos, literatos e pintores, os leques de pregas foram convertidos em refinadas obras de arte. Como materiais eram usados desde o bambu ao sândalo, carapaça de tartaruga até ao ouro, o jade e o marfim. Os literatos preferiam os leques de hastes de bambu talhado.
Desde a dinastia Ming até à actualidade, surgiram numerosos artistas famosos pelo seu trabalho no talhar das hastes de bambu com motivos variados: paisagens, flores, pássaros, animais, desenhos de telas e retratos e caligrafias.
A cobertura do leque transformou-se num espaço onde pintores e calígrafos podiam mostrar seu talento e habilidade.
As coberturas de pregas podiam ser de papel ou seda, sendo as primeiras as mais usadas. A maioria dos pintores e calígrafos gostavam de desenvolver o seu talento neste espaço limitado, mediante poemas ou outros tipos que exprimissem os seus sentimentos.
Alguns leques decorados por calígrafos e pintores das dinastias Ming e Qing – Tang Bohu, Zheng Banqiao, Ren Bonian – converteram-se em autênticos tesouros.
Entre os artistas comtemporâneos destacam-se neste campo: Zhang Daqian, Qi Baishi, Huang Binhong, Fu Baoshi, Li Keran e outros mais.
As funções do leque foram ampliadas com o tempo. Além de servir para refrescar ou espantar moscas e mosquitos, serve também como instrumento cerimonial, na decoração dos salões e como adorno pessoal. É também um objecto estético de grande preferência dos coleccionistas e faz parte do guarda-roupa de alguns artistas de cena. É tema de inspiração para poetas e escritores.
Na realidade o leque constitui já uma das manifestações da cultura chinesa. A sua arte é única: de plumas, de seda, de papel, de bambu, de palma, de jade. Também os há de marfim finamente rendilhado, assim como de aromática madeira de sândalo.
Cada região tem o seu próprio e inconfundível estilo. Assim – entre outros – são muito famosos os leques de Suzhou, os de Shexián, os de Sichuan e os de Hangzhou.

sábado, 8 de dezembro de 2007

A Rapariga da Lanterna


ARTESANATO CHINÊS

Esculturas de Marfim

Num país milenar como a China, não podia faltar o vasto desenvolvimento de um artesanato rico e variado.
Assim o seu artesanato é apreciado em todo o mundo pela refinada técnica e grande variedade. Este inclui principalmente: porcelanas e cerâmicas, sedas, bordados, “cloisonné”, objectos de laca, esculturas de marfim e jade, tapetes e pinturas ou caligrafias.
Em 1915, na Feira Internacional do Pacífico, foi apresentada por artesãos de Guangzhou (Cantão) uma bola de marfim com 26 capas sobrepostas. Esta obteve a medalha de ouro. Hoje com o aperfeiçoamento da técnica podem produzir bolas com 42 capas móveis…-

Parte I - MARFIM ESCULPIDO
Pegando na anterior breve introdução queremos neste artigo testemunhar o nosso encantamento ao termos tido a oportunidade de apreciar ao vivo uma exposição de peças de marfim, que esteve patente ao público no hall de um hotel de Guangdong durante a nossa última viagem à China (Outubro 2006).
Mal entramos no dito, deparamo-nos com um conjunto lindíssimo representativo de um banquete dos tempos imperiais. A perfeição de todas as minuciosas esculturas com fino e elegante recorte, que mais parecia um bordado, fez-nos duvidar à primeira vista se realmente se tratava de marfim esculpido ou de…plástico!
Depois avançamos para outros conjuntos de esculturas e a cada passo mais impressionados ficávamos com o que nos era facultado admirar. A arte e a elegância das peças expostas faziam-nos duvidar sobre qual recairia a nossa escolha em caso de compra. No entanto essa hipótese logo foi posta de parte, pois como sabemos o marfim é dos produtos proibidos de “importar” para a Europa, por ser de origem animal… tanto mais tratando-se de espécies em via de extinção. Por isso ficámo-nos só com o encantamento visual e aproveitámos para tirar fotos que agora vos apresentamos.
Numa dessas fotografias uma bola de marfim…Quantas capas? Não sei ao certo, mas são muitas e todas finamente recortadas…
Durante a exposição podíamos assistir à exibição de um vídeo que nos mostrava os artesãos em pleno trabalho e a execução de uma dessas bolas e a técnica de separar essas numerosas capas móveis que ficavam no seu interior.
Uma maravilha! Contentem-se com as imagens, tal como eu…

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A MÚSICA NA CHINA


A China com uma cultura milenar não pode ser indiferente aos fenómenos musicais.
A Juventude vibra com os sons das "superstars" de Hong-Kong e Taiwan embora na actualidade as grandes cidades de Pequim, Shanghai e Cantão já comecem a dar cartas. Entra-se numa loja de CD - DVD - VCD e a oferta é mais que muita a preços irrisórios... Os cantores e cantoras daquelas paragens não têm conta mas é evidente que o "estrelato" só é atingido por alguns e às vezes não é só a voz que os catapultam... Também lá como por cá a máquina publicitária das discográficas tem a sua influência... Quando se compram CD-DVD ou VCD é preciso ter algum cuidado pois a qualidade nem sempre é a desejável...
Mas eu queria era falar da outra música... da tradicional Chinesa... Aquela que é tocada pelo violino chinês "ER HU", que com o seu som melancólico quase faz chorar... ou pela "PIPA", espécie de alaúde tocado na vertical e do qual se conseguem tirar sons que fazem lembrar a Guitarra Portuguesa...Que o diga o Luís Fernandes da D'Orfeu (Águeda) que numa das suas digressões pelo Canadá foi acompanhado por uma tocadora chinesa de "PIPA" numa canção do Fausto... Mas também há a Flauta, o Zheng, a Qing...
Na actualidade, onde ainda se podem ver todos estes instrumentos é indo assistir a um espectáculo de ÓPERA. Atenção que a Ópera Chinesa é diferente daquilo a que estamos habituados... Embora tenha um desenvolvimento teatral do qual consta um enredo onde desfilam as inúmeras figuras (mascaradas) conhecidas da Ópera (de Pequim...) o espectáculo não fica só por aí... há inúmeros figurantes e malabaristicas, músicos, contorcionistas, trapezistas... Enfim um perfeito espectáculo de ficarmos de boca aberta...
É evidente que na actuação dos músicos salientamos o violino chinês "ER HU" por ser o instrumento maior destas "performances"...
No entanto outros locais há onde poderemos assistir a actuações de musica tradicional, especilamente nas casa de chá mas, nem sempre temos essa sorte...
Como curiosidade vou tentar anexar a este blog algumas músicas das 12Girls Band (Nu Zi Shi Er Yue Fang Xian Chang Yin Yue Hui), grupo musical pelo qual me "apaixonei"... Executam músicas populares chinesas mas também êxitos internacionais com os ditos instrumentos tradicionais... Foto acima...
Mas sobre a música na China talvez ainda voltemos a falar...

2008 - Jogos Olímpicos de Pequim


ONE WORLD ONE DREAM

Quando a 13 de Julho de 2001 o Presidente do COI, Juan António Samaranch, anunciou ao Mundo que Pequim seria a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos de 2008, a cidade explodiu em alegria, luz e cor…
Como em tantas outras ocasiões o povo de Pequim saiu jubiloso à rua com bandeirinhas e caras pintadas com os símbolos olímpico e nacional e encheu Chang’An, Wangfujing, Xidan Shopping Street e como não podia deixar de ser a Praça de Tian’anmen. Mas o local onde os festejos atingiram maior brilho foi a Praça do “Millenium”, situada perto da Torre da Televisão e que havia sido inaugurada um ano atrás na passagem do milénio com um deslumbrante festival de fogo de artifício. Esta estava já preparada antevendo tal desfecho e os organizadores não deram o tempo por mal empregue…
Foi uma noite mágica para os cidadãos de Pequim que nunca mais a irão esquecer…
Idêntica no entusiasmo a da qualificação da equipa nacional de Futebol para o Mundial da Coreia-Japão 2002…

Entretanto, passados cinco meses foi estabelecido o Comité Organizativo da XXIX Olimpíada (BOCOG)o qual de imediato pôs mãos à obra…
A aposta era grande e o desejo de que esta organização catapultasse em definitivo a imagem da Grande China perante o Mundo fizeram com que o desafio fosse abraçado por todos sem excepção…
Pequim começou a transformar-se e não mais voltará a ser a cidade que conhecemos na década de 90… Uma nova Pequim estava a nascer: novos projectos, novas zonas verdes, melhores transportes, grandes transformações e a perspectiva de…um ar mais limpo…
(Pequim para além da elevada poluição causada pelo trânsito automóvel, sofre anualmente a invasão das poeiras amarelas do deserto de Gobi…)
Os taxistas começaram a renovação do seu parque automóvel e iniciaram a aprendizagem de algumas frases em Inglês! Os grupos de bairro renovaram o seu guarda-roupa, compraram novos instrumentos e iniciaram uma nova era das suas sessões de “ginástica” nocturna (após jantar)… Enfim a toda cidade iniciou uma buliçosa renovação e modernização a fim de bem receber todos quantos visitassem a Capital.

A 3 de Agosto de 2003, no Templo do Céu, foi apresentado o emblema para os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, dado que o anterior apresentado aquando da candidatura ficou ultrapassado e adulterado pelas inúmeras cópias dos produtos oficiais que entretanto haviam sido postos à venda!
No dia 13 de Julho 2004, três anos depois do anúncio de vitória de Pequim sobre as cidades de Toronto, Paris e Istambul, foi apresentado o emblema dos Jogos Paraolímpicos.
A 11 de Novembro de 2005 foram apresentados e mostrados ao Mundo os cinco mascotes – “Os cinco amiguinhos”: Nini, Huanhuan, Yingying, Beibei, Jingjing, Estes nomes quando lidos numa certa ordem formam a frase de boas vindas PEQUIM DÁ-TE AS BOAS VINDAS (Beijing Huang Ying Ni)!...
No dia 26 de Junho de 2005 o slogan para a Olimpíada de Pequim foi anunciada “One World One Dream”…sem dúvida um slogan forte que se deseja se torne num sonho realizável neste Mundo tão conturbado pela incompreensão humana…

Pelo empenho organizativo e grande profissionalismo, estes Jogos Olímpicos irão ser marcados por uma excelente organização e por todo um deslumbrante espectáculo que ao seu redor se irá desenrolar… e que só os Chineses com a sua multifacetada cultura poderá nos apresentar.
Imaginamos já como será a cerimónia de abertura… Ou melhor nem nos atrevemos a imaginar… será simplesmente deslumbrante e inatingível por qualquer outra organização futura!…

E como atrás dissemos Pequim está a surgir de cara lavada…O trânsito melhor organizado, novas avenidas, novos edifícios, novos hotéis… Em breve a nova linha do metro e... em 2007 a inauguração do terceiro terminal do Beijing Capital International Airport , uma verdadeira obra de arte…
E a aldeia olímpica na zona verde junto ao “campus”universitário?
Nessa área a piscina "water cube" - cubo de gelo e o estádio olímpico ("O Ninho" onde por certo irão nascer novos records) ambos de uma concepção fantástica… aliando a beleza arquitectural à nais sofisticada técnica da actual engenharia…

E ficamo-nos por aqui…
Até 2008 ainda muito haverá para dizer e escrever e…

Entretanto deixamos para vossa apreciação algumas fotos, as quais traduzem todo o entusiasmo, a capacidade empreendedora e deixam um cheirinho daquilo que irão ser tais jornadas olímpicas…

O céu, os telhados e a cúpulas de Pequim...


segunda-feira, 2 de julho de 2007

Dos pagodes às cúpulas dos telhados de Pequim...

Quando jovem imaginava a China um País mágico, cheio de pagodes de telhados dourados e pontas viradas ao céu…
Imaginava as ruas das suas cidades fervilhando de gente exótica trajando roupagens coloridas…
Imaginava ricos mandarins a serem transportados em liteiras ou em riquexós puxados por criados de longos rabichos…
Imaginava casas feitas de tijolo escuro ornadas por coloridas lanternas…e as lojas com seus letreiros multicolores cheios daqueles símbolos, que são a escrita chinesa…
Enfim, era transportado à China dos tempos imperiais onde a riqueza de cada um era demonstrada pelos ricos trajes de deslumbrantes e coloridas sedas e ornados por estranhos chapéus e por grandes cortejos de criados que anunciavam a passagem do seu senhor com pendões e bandeiras e tocando estridentes instrumentos… Por certo não estaria muito errado, pois a isso me levava o pensamento ao devorar as narrativas do autor que mais me seduziu ler na juventude – Emílio Salgari.
Passadas algumas décadas tive a oportunidade de pela primeira vez visitar a China… Estávamos em 1998 e a China emergia das primeiras reformas introduzidas pelo Presidente Deng Xiao Ping…Os chineses mais expeditos e com melhores oportunidades começavam a enriquecer… Os conturbados anos da Revolução Cultural eram já do passado…
E que China fui eu encontrar?
Bem, uma autêntica surpresa…É verdade que Pequim continuava a ter aquele ar de Capital Imperial com inúmeros vestígios do passado, como por exemplo: as suas inúmeras Portas (no passado integradas na muralha que cercava e defendia a cidade), o Templo do Céu e a Cidade Proibida. Mas também do passado recente as grandes e largas avenidas ladeadas de enormes edifícios governamentais de influência moscovita e nas traseiras os edifícios cinzentos de minúsculos apartamentos onde viviam os funcionários…Não esquecer que o Governo(leia-se Partido) era o dominador e o único empregador!
No entanto chegado à Chang’na Jie e suas transversais fiquei boquiaberto com a modernidade dos seus edifícios: blocos de escritórios, centros comerciais, hotéis de 4 e 5 estrelas, hospitais, sedes de multinacionais e bancos, etc., etc…
Afinal Pequim já não tinha assim tantos pagodes, tinha sim inúmeros arranha-céus com elegantes cúpulas… Qual delas a mais fascinante ou arrojada?
(ver álbum de fotos – “Cúpulas de Pequim” http://jcbreda-arcop.spaces.live.com/)

Quando no ano seguinte (1999) tive a oportunidade de visitar Shanghai então foi arrepiante…A sucessão de enormes edifícios, com as suas cúpulas a quererem arranhar o céu, é avassalador… É uma cidade extremamente condensada com um emaranhado de ruas e avenidas e algumas estradas de 3 e quatro níveis, sem as quais era impossível o trânsito fluir... Mas, para além de tudo isto é uma cidade onde é gostoso viver (pelo menos por curtos períodos !...) até porque ainda contém áreas arejadas e com construção menos densa, diríamos até romântica, com alamedas, parques e jardins e esplanadas de café… No entanto as reminiscências do passado imperial não são tão evidentes e fáceis de encontrar…Encontraremos sim relíquias dos anos deslumbrantes da Shanghai das décadas anteriores à Segunda Guerra Mundial e invasão japonesa, altura em que sofreu forte influência do colonialismo europeu, em especial dos Ingleses e Alemães…e para isso bastará ir até ao Bund ali ao lado do Rio Huangpu onde a sucessão de edifícios daquela época se destacam e onde poderemos encontrar o Peace Hotel, o hotel mais carismático e antigo da China… onde Chang Kai-Chek contraiu matrimónio…Ainda hoje lá nos podemos deliciar a ouvir os "swing" e outros sons dessa época interpretados por uma velha orquestra...
Mas, se olharmos para a outra margem do rio deparamo-nos com a moderna Pudong, com belos e deslumbrantes edifícios, onde se destacam a Torre da Televisão e o edifício mais alto da China -na Torre JinMei…no momento o 2º mais alto do Mundo!
(ver álbum de fotos – “...a fascinante Shangai”
Mas, voltando ao meu imaginário da juventude e não querendo perder o raciocínio daquilo que vos queria reportar, a afirmação de que é ainda em Pequim onde melhor me sinto e onde ainda encontro aquela tal China, que imagino do passado… ao percorrer as suas ruas, ao espreitar os seus “hutong”(bairros antigos), ao frequentar os seus pequenos restaurantes para comer “dumpling” ou a fumegante sopa de massas ou simplesmente beberricar uma chávena de Lu Cha (chá verde) ou TiKuanYin (o que mais aprecio!...). Ou ao visitar os “kioskes” para comprar “cloisonés”, sedas ou pinturas em papel de arroz ou os seus mercados de rua na busca de antiguidades e velharias…É mágico…É mesmo muito bom revisitar Pequim ou Beijing, como dizem os Chineses!

E com isto não quer dizer que eu não conheça outras paragens. Felizmente já calcorreei um pouco da grande China. Para além de todas as províncias da beira-mar, desde Tianjing até Macau, incluindo: Hebei, Shandong, Jiangsu, Shanghai, Zhejiang, Fujian e Guangdong, as do interior como Henan, Hubei, a inóspita Heliojiang e a distante Sichuan… Em todas elas sempre encontrei algo de novo, especialmente no que respeita a gastronomia, que como sabemos é a mais diversificada do Mundo… mas de facto regressar a Pequim é mágico e não me canso de por lá estar…
Até breve Beijing!

sábado, 30 de junho de 2007

PEQUIM...uma cidade em constante crescimento...

Visitei Pequim pela primeira vez em Abril de 1998…
Fiquei surpreendido!… Nunca imaginei que tal nível de modernidade existisse já por aquelas paragens… Já lá estava tudo o que as grandes capitais europeias apresentavam como sendo o “último grito”!
Hoje o seu crescimento é a olhos vistos… De cada vez que lá volto uma nova avenida foi aberta (em prejuízo de mais um “hutong”a)) e novos arranha céus se elevam num desenfreado crescimento de betão e ferro… Novos “shopping”, novos hotéis, novos edifícios de escritórios de fazer inveja a qualquer urbe e muitos blocos de habitação, sendo a maioria em condomínios fechados de alto luxo…
Para isso, contribuiu, e muito, a candidatura e a próxima realização em 2008 dos Jogos Olímpicos.
Normalmente fico alojado no mesmo hotel – Xiyuan – ao qual já chamo a “minha casa” de Pequim…
Situado na terceira circular fica “relativamente” perto de tudo, ou melhor, a uma corrida de táxi… Até Tiananmen pago cerca de 40RMB , equivalente a 4€…
Das janelas dos seus quartos, variando a localização, posso ver a Torre da Televisão, o Jardim Zoológico e o Aquário ou o edifício do Museu da História Natural, que tem à porta alguns exemplares (réplicas) de dinossauros.
Como curiosidade a construção vizinha de um prédio que vi nascer desde a demolição dos anteriores edifícios…alicerces…etc, etc. Da sua arquitectura a curiosidade de saber o que iria dali sair? Uma Igreja? Uma Catedral? Um edifício público para albergar algum importante departamento de estado?… É que a sua arquitectura e localização, mesmo ao fundo de uma avenida, assim deixavam transparecer…
Passado três ou quatro meses, nova visita e o prédio sempre a crescer… No prazo máximo de quatro visitas o prédio estava pronto e apto a receber os novos inquilinos…
Surpresa, não era Igreja ou Catedral, nem pouco mais ou menos para receber qualquer importante departamento do estado. Era simplesmente mais um edifício de escritórios onde foram instalados bancos e mais bancos e um departamento da casa da moeda…e escritórios de variadas empresas.
Mas, vale a pena olhar para ele e… digam lá se também não ficariam curiosos ao vê-lo crescer …
(álbum de fotos – as fotos foram tiradas ao longo de um dia… desde a alvorada até já noite…)

Nota: a) “hutong” - antigos bairros chineses constituídos por casas de rés do chão todas cinzentas e cercados por muros (tipo Vila) com um portão que era fechado à noite. O Governo tenta preservar alguns pois fazem parte da história da cidade…

sexta-feira, 29 de junho de 2007

PEQUIM ou BEIJING...A CAPITAL

Pequim… ou Beijing, como dizem os Chineses, é a Capital…
Fundada há cerca de quatro mil anos, foi uma das capitais da China Imperial, juntamente com Huangzhou, Kaifeng, Luoyang, Nanjing e Xi’an.
O seu nome significa “a capital do norte”.
No presente é a segunda maior cidade do país (depois de Shanghai) e a sua população deverá andar nos 14 milhões de habitantes…
Falar de Pequim é falar de grandes espaços, soberbos edifícios e largas avenidas tendo como coração a Cidade Proibida rodeada por muralhas de doze metros de altura. Do lado exterior a Cidade Imperial com belos lagos e jardins… No extremo sul eleva-se a Porta da Paz Celestial, ou de Tiananmen, actual símbolo de Pequim, que serve de entrada norte da Praça com o mesmo nome, onde se encontram edifícios como o Grande Salão do Povo (sede do Parlamento)e o Museu da História e da Revolução.
A separar a porta da praça a Avenida da Paz Celestial, que na época imperial não tinha mais de quatro quilómetros de comprimento e que hoje atinge mais de quarenta, sendo a principal artéria da cidade de onde derivam todas as outras paralelas ou perpendicularmente.
No centro da Praça de Tiananmen encontra-se erigido o obelisco em homenagem aos Heróis do Povo e logo o -Mausoléu de Mao Tsé Tung.
Outros motivos de interesse a visitar em Pequim… para além da Cidade Proibida, O Templo do Céu, o Palácio de Verão (a noroeste da cidade), os mercados de rua de “antiguidades”e... como já referimos os inúmeros parques e jardins...
Uma visita à Ópera e comer o tradicional Pato lacado à Pequim é também obrigatório...





OS PORTUGUESES NA CHINA

O primeiro contacto luso-chinês ter-se-á dado ao largo de Malaca, há quase meio milénio.
Os “chins” comiam “vianda de toda a espécie”, o que foi um alívio para quem, até então, encontrara e lutara contra povos cuja religião tinha tabus alimentares.
Foi um diálogo pioneiro, entre os extremos ocidental e oriental da grande massa euro-asiática.
Sabia que houve um Vasco da Gama chinês avant la lettre, que poderia ter invertido o curso da História?
Ou que o primeiro embaixador chinês enviado a Portugal, com o grau de mandarim, era…português?
Que o poderoso imperador Kangxi ficou muito impressionado com um leão africano que os lusos lhe deram de presente, em 1678?
Ou que houve dois bispos de Beijing que eram portugueses?
Sabe como chegou às mãos de Eça de Queirós, admirador confesso da civilização sínica, um genuíno fato de mandarim, com o qual ele posou para uma célebre fotografia?
Ou que Salazar esteve quase para enviar Jorge Jardim à República Popular da China, em missão secreta, para o restabelecimento de relações diplomáticas?

Tudo isto e muito mais poderá ler no livro de autoria de Fernando Correia de Oliveira, com o título 500 Anos de Contactos Luso-Chineses (Fundação Oriente/Público).