Com negócios na China desde 1998, o autor, mais do que viagens de negócios, junta o útil ao agradável e aproveita, sempre que pode, para conhecer mais e mais daquele longínquo País de cultura milenar, onde os nossos antepassados andaram há quase 500 anos... São relatos, histórias, visitas...um pouco de isto e daquilo de alguém que gosta de viajar, de conhecer, aprecia arte e adora história...mas também os prazeres mundanos...

domingo, 12 de janeiro de 2020
As Irmãs Soong...
Embora não seja um devorador de livros tenho sempre na mesa de cabeceira meia dúzia deles e vou lendo neles conforme me apetece...
Nas férias de 2019, porque há muito não gozava 15 dias seguidos, li um na totalidade e levei outro quase a meio!...
O meu principal gosto vai para novelas de viagens e história e quando comecei a viajar para a China em 1998 iniciei o gosto pela leitura de autores chineses (traduzidos para português) pois vi neles uma forma de me cultivar sobre aquele enorme país tão distante e misterioso onde uma revolução cultural pôs a terra queimada uma cultura milenar... desde então comprei dezenas de livros e um deles, que me fascinou e que guardo na minha biblioteca, foi “Cisnes Selvagens” de autoria de Jung Chang...
Ontem numa superfície comercial deparei-me com o livro da foto, da mesma autora, que penso relatar a vida das irmãs Soong... três irmãs que tiveram grande influência na guerra dos nacionalistas chineses do Kuomintang contra os comunistas de Mao... tendo uma sido casada com Sun Yat-sen( Dr. Zhongshan) primeiro presidente da Republica da China (1911) e outra com o General Chiang Kai-shek, que depois de derrotado pela exército vermelho fugiu para a Formosa e fundou Taiwan!
Mas a razão principal foi querer descobrir a razão do título!
“As Irmãs Soong - a mais velha, a mais nova e a vermelha” em inglês “Big sister, little sister, red sister”...
O porquê da “red sister” é o que vou procurar descobrir ao ler este livro...
domingo, 15 de dezembro de 2019
Pérola do Oriente...
Nos mares da China...
navego a sono solto e ouço o marulhar suave das águas...
O delta do Rio das Pérolas é de ouro...
Semeio sonhos na espuma das ondas...
Olho o desassossego das gaivotas...
E na busca do porto seguro o renascer de cada dia.
Macau, Macau!...
Algures ali na névoa,
debaixo das arcadas daquela ponto...
Macau, Macau!
Fazem-se pontes...
Estreitam-se laços...
Macau, Macau!
Sempre tão perto na palavra e tao longe na acção....
Macau, Macau!
Pérola do Oriente...
Esquecida por quem te deveria lembrar...
Macau, Macau
Sempre no coração!
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
O VINHO NA CHINA...
O vinho, como nós o conhecemos, produzido a partir de uvas de castas viníferas, é produzido na China há mais de 2000 anos. No entanto tratava-se de uma bebida destinada ao consumo da corte - Palácio Imperial - e dos sacerdotes nas cerimónias religiosas...
Com uma população a rondar um bilião e duzentos milhões coloca-se como o 4.o maior consumidor logo a seguir a França, Estados Unidos e Itália... mas como produtor está já na 7.a posição com 1,4 milhões de garrafas...
A apetência pelos vinhos europeus levou ao cultivo de vinha das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc em finais dos anos 90 nas regiões de Ningxia, junto ao deserto de Gobi, na província de Hebei e na península de Shandong, em Yantai, uma zona de microclima influenciado pelo mar da China, a leste... mas também na província de entrada da antiga rota da seda - Xinjiang...no noroeste!
Um winemaker destacou-se em 2009, He Lan Qing Xue, produzindo o primeiro vinho chinês que granjeou fama internacional, o Jia Bei Lan 2009, um blend a imitar os vinhos de Bordéus com as mesmas castas... Ganhou o Troféu International Tinto para vinho com preço superior a 10 euros no Decanter World Wine Awards daquela revista inglesa.
Mas o grande salto colocando a China no Mundo Vinícola foi dado pela Silver Heights (Ningxia) através de Emma GAO. Seu pai, GAO Lin iniciou o cultivo de Cabernet Sauvignon em 1999, tendo enviado a filha para Bordéus estudar enologia. Acabado o curso foi estagiar para o célebre Chateau Calon-Ségur (Troisieme Cru classé) onde se enamorou do enólogo Thierry Courtarde, vindo a casar e com ele regressar à China em 2007. Logo na sua primeira colheita produzem 3000 garrafas de um vinho que Robert Parker pontua com 91...
Silver Heights é considerada a mais conceituada produtora de vinhos na China, produzindo 4 entre os quais um Chardonnay. É proprietária de mais de 200 áreas de produção salientando entre elas Changyu, com um castelo que lembra a região vinícola francesa de Loire. Outros vinhos de sua produção são o Dinasty e o Great Wall mas sempre vinhos de preço elevado...
Por isso, se na China quiserem beber um vinho de produção local com qualidade preparem-se para pagar um bom preço... o que é bom custa muito, dizem os Chineses...
Fontes e fotos: Wikipédia.
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
... pela China adentro... O VINHO CHINÊS BÁI JIÛ...
Uma mudança radical...
Depois de vos falar do Chá Chinês agora vou falar-vos do Vinho Chinês a que chamam Bái Jiû, o que traduzido à letra seria vinho branco...e pode levar as pessoas ao engano!
O vinho chinês de que vos quero falar é feito a partir de Licor de Sorgo... é incolor e com graduação alcoólica a rondar ou superior aos 50 graus...
É evidente que eu não lhe chamaria vinho mas sim uma aguardente... e se arde... Principalmente quando num banquete chinês somos convidados para brindar (“gan bei”) ainda sem termos ingerido qualquer alimento e ele nos cai no estômago como um calhau!!!
Pois hoje fomos convidados para uma festa na fábrica de Bái Jiu de Shunde, Guangdong Shunde Wines Co,.
Nesta Festa a que não faltou a Dança do Leão, tradicional da região de Cantão... houve distinção para diversos agentes e clientes VIP e as fotos são elucidativas...
Depois o desfile das Miss
representativas dos países onde fizeram forte marketing e deram a conhecer a participação de Shunde e do seu Bái Jiu no Concurso Miss Tourism Global...
O Bái Jiu mais famoso na China é o Moutai, produzido na região de Guizhou... que atinge preços elevados daí de estar sujeito a cópias... o que na China é mais que natural...
PU ERH CHÁ
Ainda sobre chá...
Hoje foi dia de bebericar Pu’Erh...
Pu-erh ou Puer é um Chá "pós-fermentado" cujo nome vem do condado de Pu'er em Yunnan, na China. Ao contrário da maioria dos chás, pu ehr é tradicionalmente compactado e envelhecido por pelo menos alguns anos antes de ser consumido, sofrendo uma pós-fermentaçäo que lhe dá um sabor mineral característico. Wikipédia
Vejam os preços que pode atingir um disco prensado desse chá consoante o ano e o tipo de fermentação!
Mas há muito, mas muito, mais caro!!!
1€ = 7,71 Yuan...
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
... pela China adentro .... CHA III
Ainda falando de Chá...
Não ficaria bem comigo depois de falar do Chá, da China seu país de origem e da Índia onde foi adoptado, tornando-se num dos maiores exportadores, se não falasse do Nepal, do Sri-Lanka (antigo Ceilão dos Portugueses) e em especial do Chá dos Açores, o único chá europeu!
Na ilha se S.Miguel, mais propriamente na povoação de Gorreana, pertencente a Ribeira Grande, encontramos uma região de solos argilosos e ácidos que dão uma característica perfumada ao chá obtido da Camellia Sinensis para ali trazida da China na rota das naus de Macau...por volta de 1750... Tais qualidades, aliadas ao ser um produto ecológico, livre de pesticidas, herbicides e fungicidas tornaram-no numa bebida apetecível e hoje o Chá Gorreana é conhecido mundialmente...
Produzem chá preto, chá verde e fermentado mas os mais procurados pela sua frescura e aroma são os chás verde: tradicional e especial...
Antes de terminar referir que em S.Miguel existe outra fábrica a de Porto Formoso, o que torna o Chá de Porto Formoso a par do Chá da Gorreana como os únicos produzidos na Europa.
Ainda sobre o Chá de Porto Formoso de salientar o nascimento em 2006 da Confraria do Chá de Porto Formoso que se apresenta com a firme intenção de "promover e estimular a cultura e o hábito da degustação do chá"...
...pela China adentro ... O CHÁ II
São 5 horas e... curiosamente estou a beber um Hong cha... não que na China haja a tradição de se beber chá as 5 da tarde... aqui bebe-se a qualquer hora do dia ou da noite...
Mas essa tradição do Chá das Cinco prevalece nas ilhas britânicas e nem o Brexit a irá mudar, tão antiga é essa tradição fortemente enraizada no quotidiano dos ingleses... e foi a nossa princesa Catarina Henriqueta de Bragança(1638-1705), filha do restaurador D. João IV, que ao casar em 1662 com o rei de Inglaterra Carlos II, introduziu esse hábito na corte inglesa e depois em todo o País...
O chá é originário da China e foram os Portugueses, através da rota marítima de Macau, que o introduziram na Europa.
O chá é obtido das folhas do arbusto“Camellia Sinensis” e consoante a altitude a que é produzido varia de qualidade e características... Uma das zonas onde é produzido chá de elevada qualidade é Anxi na província de Fujian. Caso do TiKuanyin e do Báichá. Terá sido por certo nesta região que os ingleses roubaram os pés da planta e levaram a Camellia Sinensis para a Índia onde também começaram a produzir chá, sendo hoje muito conhecido o Darjeeling, um chá preto produzido naquela região da Índia.
Mas a Índia nem sempre foi colónia inglesa!... E lá volta a nossa princesa Catarina de Bragança a ter um papel importante na expansão inglesa para Oriente... pois no dote do casamento com o rei Carlos II foi oferecido por Portugal a cidade de Bombaim...a partir daí a ida dos ingleses para a Índia, vindo a transformar aquela região na Jóia da Coroa Britânica!
Com a presença inglesa na Índia e a sua apetência por penetrar a China, cujos intentos foram diversas vezes repelidos pela corte imperial que não acedia as exigências comerciais que queriam impor e porque os emissários negavam-se a fazer kowtow (nove vénias em serie de três batendo com a testa no chão), houve necessidade de usarem outros meios...
Da Índia era enviado clandestinamente para a China o ópio que envenenava o povo, tendo em plena Guerra do Ópio, que opôs à China à Inglaterra e depois a outras potências europeias, o Imperador Kuangxi escrito uma carta à Rainha Vitória onde perguntava a razão de os ingleses quererem envenenar o seu povo com a proliferação do ópio, quando da China só levavam coisas boas? O delicioso chá e as finas sedas e porcelanas?...
Falando sobre alguns chás, para além dos já enumerados, podemos citar o Long Jing oriundo de Hangzhou, montanhas com microclima do West Lake na província Zhejiang, trata-se de um Lu cha, chá verde.
O chamado “black tea” afinal é o Hongchá e embora Hong em chinês signifique vermelho, e na verdade mais uma variedade do chá verde mas com alguma oxidação.
Com prensagem e pro-fermentação temos o Pu’er originário do condado com esse nome na província de Yunnan. Este chá é muito apreciado pelos Cantoneses, tem sabor mineral e quanto mais velho mais caro...atingindo preços inimagináveis!!!
E ficamos por aqui... convidava-vos a bebericar comigo “ 喝杯茶 hē bēi chá” mas a distância iria esfria-lo e ele é mais saboroso bebido quentinho...
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