quarta-feira, 20 de maio de 2020

China Art Gallery - Ábaco Chinês - Suánpàn

Ábaco Chinês - Suanpan (a barulhenta máquina de calcular...) A primeira foto é de um Ábaco que trouxe da China e tem aspecto de ser antigo... e há uma história que envolve a sua posse!... Estávamos em Zigong (província de Sichuan) para visitar fundições de ferro... no entanto o tribunal havia encerrado uma das que iríamos visitar porque um dos sócios havia desaparecido com o capital que a banca havia emprestado... diziam que tinha ido para Shanghai investir em negócios imobiliários...era o que estava a dar! O oficial do tribunal acompanhou-nós e entramos nas instalações seladas. Depois de percorrermos todas as áreas de produção passamos por um sala que deveria ter sido um gabinete de projectos, como toda a fábrica estava vazia de móveis e utensílios, que haviam sido vendidos pelo tribunal para pagar à banca e credores... num canto no chão estava este ábaco! Peguei nele e “distraído” trouxe-o comigo! No final todos se riram e a piada foi ele ter vindo comigo!
Ainda sobre o uso do ábaco na China... Numa das minhas estadas em Pequim fui com a Iris almoçar em Sanlitun ao restaurante brasileiro Alameda onde o chefe Thomazini nos presenteou com uma deliciosa feijoada à brasileira... na nossa mesa sentou-se um dos donos, um jovem engenheiro aeronáutico que tinha vindo do Brasil integrado na equipa da Embraer que na China cooperavam para desenvolver o primeiro avião comercial Chinês (?)... durante a conversa confidenciou-nos que sempre que podia fugia da fábrica onde trabalhava em Sheniang para Pequim porque estar dentro de uma sala dias inteiros a ouvir o barulho dos ábacos dos físicos chineses a fazerem os seus cálculos era algo ensurdecedor e irritante! Estávamos já no Século XXI mas a confiança nas máquinas calculadoras digitais não era total... preferiam continuar a usar os Suànpán 算盤!
História Suànpán - A menção mais antiga a um suanpan (ábaco chinês) é encontrada num livro do século I da Dinastia Han Oriental, o Notas Suplementares na Arte das Figuras escrito por Xu Yue. No entanto, o aspecto exacto deste suanpan é desconhecido. Habitualmente, um suanpan tem cerca de 20 cm de altura e vem em variadas larguras, dependendo do fabricante. Tem habitualmente mais de sete hastes. Existem duas bolas em cada haste na parte de cima e cinco na parte de baixo, para números decimais e hexadecimais. Ábacos mais modernos tem uma bola na parte de cima e quatro na parte de baixo. As bolas são habitualmente redondas e feitas em madeira. As bolas são contadas por serem movidas para cima ou para baixo. Se as mover para o alto, conta-lhes o valor; se não, não lhes conta o valor. O suanpan pode voltar à posição inicial instantaneamente por um pequeno agitar ao longo do eixo horizontal para afastar todas as peças do centro. Os suanpans podem ser utilizados para outras funções que não contar. Ao contrário do simples ábaco utilizado nas escolas, muitas técnicas eficientes para o suanpan foram feitas para calcular operações que utilizam a multiplicação, a divisão, a adição, a subtracção, a raiz quadrada e a raiz cúbica a uma alta velocidade. No famoso quadro Cenas à Beira-mar no Festival de Qingming pintado por Zhang Zeduan (1085-1145) durante a Dinastia Song (960–1297), um suanpan é claramente visto ao lado de um livro de encargos e de prescrições do doutor na secretária de um apotecário. A similaridade do ábaco romano com o suanpan sugere que um pode ter inspirado o outro, pois existem evidências de relações comerciais entre o Império Romano e a China. No entanto, nenhuma ligação directa é passível de ser demonstrada, e a similaridade dos ábacos pode bem ser coincidência, ambos derivando da contagem de cinco dedos por mão. Onde o modelo romano tem 4 mais 1 bolas por espaço decimal, o suanpan padrão tem 5 mais 2, podendo ser utilizado com números hexadecimais, ao contrário do romano. Em vez de funcionar em cordas como os modelos chinês e japonês, o ábaco romano funciona em sulcos, provavelmente fazendo os cálculos mais difíceis. Outra fonte provável do suanpan são as pirâmides numéricas chinesas, que operavam com o sistema decimal mas não incluíam o conceito de zero. O zero foi provavelmente introduzido aos chineses na Dinastia Tang (618–907), quando as viagens no Oceano Índico e no Médio Oriente teriam dado contacto directo com a Índia e o Islão, permitindo-lhes saber o conceito de zero e do ponto decimal de mercantes e matemáticos indianos e islâmicos. O suanpan migrou da China para a Coreia em cerca do ano 1400. Os coreanos chamam-lhe jupan (주판), supan (수판) or jusan (주산).

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